10/06/2023

UM PESCADOR DO AQUIDAUANA

 


 “Tio Zito” - Washington Buchara – na década de 60, pescava no Rio Aquidauana. Sua mochila sempre trazia uma “CHORA NA RAMPA”, pinga muito famosa naquela época. No barco, ficava o dia inteiro sob o sol escaldante do Pantanal. Pegava muitos peixes. De volta ao rancho onde guardava seus petrechos, no embalo da ‘mardita’, como todo bom pescador, contava estórias que nem o capeta acreditava. Certo dia, devorando umas costeletas de pacu, premiou seus sobrinhos com uma de suas estórias “para boi dormir”. Contou que em uma sexta feira santa adentrou num corixo onde nunca antes havia tentado a sorte. Os peixes só faltavam pular para dentro da canoa. Em poucos instantes estavam detonando suas iscas. Pensou: “Hoje estou pegando até pensamento!”. Ao colocar uma traíra no caniço, olhou dentro do rio e viu um tatu, vivo, capturado na boca de uma sucuri. Rápido, não querendo perder aquele tatu, tio Zito pegou uma forquilha que usava para imobilizar peixes grandes, prendeu a cabeça da sucuri e arrancou o tatu da boca da cobra. Para não deixar a sucuri no prejuízo, derramou na goela dela uma garrafa de “CHORA NA RAMPA”, depois a empurrou para o fundo do rio. Tatu dentro do barco, cobra “chapada”, mergulhada no Aquidauana, continuou sua pescaria. Já distraído, enquanto tomava cachaça e pitava seu cigarro de palha, sentiu algo cutucar três vezes o casco da sua canoa. Tio Zito, assustado, tentou ver o que era. Era a sucuri. Ela estava de volta. Bêbada. Zarolha. Trazia outro tatu, ainda vivo, na boca. Tinha adorado a troca. Queria mais “CHORA NA RAMPA”. Depois de recompensada, sumiu para o fundo do rio...

Acredite quem quiser...