30/01/2018

A SAGA DO TREM-DO-PANTANAL...

                                                                                                           [Buchara]

Em Maio de 2005, na Esplanada da Estação Ferroviária de Campo Grande, Lula, sua comitiva, mais Zeca do PT (governador de MS) e seus deslumbrados companheiros, fizeram uma viajem simbólica, que não durou mais de 100 metros. Tomaram um lauto café da manhã na luxuosa composição do novo “TREM DO PANTANAL” que valia uma fortuna: 5 vagões todos decorados com motivos da fauna pantaneira; 3 de passageiros, 1 restaurante, 1 panorâmico, com poltronas reclináveis, cabine com cama e toalete, ar condicionado, TV, áudio, vídeo, Internet...
Só para lembrar, em MS, até hoje ninguém sabe o motivo da antiga NOB ter sido desativada em 1994, justamente quando batia todos os recordes de transporte de cargas com números semelhantes aos da Índia, França, Inglaterra e Japão e quando era uma importante auxiliar no combate à aftosa e resgate do gado durante as cheias do Pantanal. Em 2006, o Ministro de Turismo, Mares Guia, junto com Zeca e Ruiter Cunha, prefeito de Corumbá, assinaram um protocolo de transferência que autorizava o repasse de R$ 1,8 milhão para obras de reforma, saneamento de oficinas e capacitação da comunidade. MS entrava com R$ 100 mil de contrapartida. Porto Esperança receberia o investimento e o trem começaria a circular ainda em 2006. O trecho Corumbá x PE, mentiam, já estava pronto e os vagões também...
Tudo balela. No início de 2007, nossos ilustres personagens, mais o então prefeito de Campo Grande, André Puccinelli, ocuparam espaço na mídia nacional alardeando que o Governo Federal disponibilizaria R$ 100 milhões para a recuperação da ferrovia no trecho entre Corumbá – MS e Bauru – SP. O Secretário de Infraestrutura de MS, Carlos Longo, jactava-se que para o Trem voltar só faltava reformar uma estação. Seriam cinco vagões com 192 passageiros percorrendo 15 estações. Mais tarde, depois de assinar convênio com a América Latina Logística e uma “trade” turística do Paraná, André Puccinelli profetizou que o expresso poderia voltar em Setembro de 2008, com mais 3 vagões, dependendo de reformas no trecho Aquidauana x Miranda. Infelizmente, no final de 2007, o Secretário de Transportes de MS, Edson Girotto, sentenciou: “A volta do Trem do Pantanal é uma utopia!”...
Para nós, pobres otários, anos mais tarde, restou a triste denúncia de um corumbaense anônimo acusando que a última Maria Fumaça de MS apodrecia na Praça de Ladario. Servia de banheiro noturno para amantes e desocupados e de brinquedo diurno para a criançada. Delatava também que os cinco vagões (comprados a peso de ouro!) depois da festa plena de pirotecnia, mordomias e mídia “para inglês ver”, que massageara o ego dos ardilosos e espertos representantes da política estadual - Zeca, André, Wander, Nilde, Beatriz, Delcídio, Egon, Paulo Duarte - também sofriam com a amnésia daqueles demagogos. Haviam sido estrategicamente abandonados na esplanada ferroviária de Corumbá onde fizeram a derradeira parada, local no qual sofriam o devido processo oficial de sucateamento. Apodreciam....
Nunca ninguém confirmou nem desmentiu tal fato. O nosso trem-do-pantanal agonizava. Vivia sua solitária metamorfose. Começou a ilustrar causos das mais estranhas aventuras... acabou, com o passar dos dias, melancolicamente,  transformado em mais uma lenda urbana...
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