15/08/2012

UMA BATALHA SEM FIM...

Por determinação da Justiça Federal de Mato Grosso (MT), uma população entre 3.000 e 5.000 de ocupantes “não-índios” deverá será removida dos limites da Terra Indígena “MARÃIWATSEDE”, no Araguaia. A operação, com o apoio da Polícia Federal e da Força Nacional de Segurança, está marcada para ocorrer no final de agosto e pretende encerrar um exílio imposto aos índios da etnia xavante há 46 anos. Segundo o “DIÁRIO de CUIABÁ”, que conversou com índios xavantes, posseiros e representantes dos fazendeiros, na localidade de Posto da Mata, um núcleo urbano encravado no coração da área homologada para os índios, os moradores prometem resistir “até a última bala”. Os índios sabem que nunca estiveram tão perto de retomar suas terras, mas a tarefa não será fácil. A associação que reúne os produtores locais diz ter 800 filiados e existem mais ou menos 68 fazendas de grande porte na área demarcada. O rebanho bovino é estimado em 300.000 cabeças. Guerreiros xavantes de prontidão na porteira e um número incerto de outros, espalhados por locais estratégicos da área, controlam a entrada de estranhos e limitam a saída de índios. Damião Paridzané, o cacique de 59 anos que lidera o grupo de cerca de 700 índios, diz que as notícias sobre a “desocupação” reavivou as estratégias de intimidação dos “grandes invasores” - ameaças de morte chegam por meio de recados a terceiros ou por ligações anônimas ao escritório da Funai em Ribeirão Cascalheira: “Eles estão pressionando, provocando, queimando pastos, queimando gado nosso. Já disseram que, se eu sair andando em qualquer lugar, vão me pegar. Bandido entra em qualquer lugar, mas estamos atentos. Se alguém entrar aqui, vai ser problema dele”. Os xavantes afirmam que estão “tranquilos”: “Nós vamos ficar aqui na aldeia o tempo todo. Deixem os fazendeiros falar em ameaça e conflito. Não temos culpa se eles é que estão perdendo na Justiça. Nós estamos neste pedaço da nossa terra há quase 10 anos. Hoje queremos tudo. Toda a área demarcada”. Após a saida dos “brancos”, a atual aldeia de “Marãiwatsede” continuará a ser a “sede”. Questionado sobre o que pretende fazer com a estrutura do Posto da Mata, o cacique diz: “Nós vamos tirar as telhas e alguma outra coisa, mas o resto vamos quebrar tudo. Senão o branco volta!”.

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