04/09/2011

FAZENDEIROS BRASILEIROS X ÍNDIOS PARAGUAIOS...

Segundo o diário paraguaio ABC-DIGITAL, fazendeiros brasileiros, criadores de gado, que constituem um poder de fato no CHACO PARAGUAYO, pressionam e extorquem o governo de FERNANDO LUGO para continuar expandindo suas terras em território indígena ancestral, de onde se expulsa   a tribo AYOREO, da qual alguns membros permanecem sem contato com o resto da sociedade.  A organização global Survival International e a paraguaya GAT - gente, ambiente e territorio, contaram para a agência noticiosa ANSA que desde a posse de FERNANDO LUGO, o Paraguai asumiu um rol de defesa dos territorios indígenas, alinhado com as normas nacionais e internacionais. O processo de reivindicação de terras originárias começou en 1993 e desde então foram restituidas uns 100.000 ha, explicou Jorge Vera, coordenador do GAT, que avaliou que ainda falta regularizar uma quantidade igual. O problema atual no CHACO PARAGUAYO - de grande biodiversidade e frágil ecossistema - é a expansão da fronteira agrícola, no Oeste para o gado e no Este para a soja transgênica. O Estado pela primeira vez está concedendo fundos para que o GAT legalize terras. Porém, por outro lado, poderes de fato, como os criadores de gado (em particular os brasileiros) que “corrompem quantos podem”, segundo Vera: “Sua apropiação de terra implica em altos índices de desmatamento. Estão amparados pelos políticos e pelo Poder Judiciário. O poder Executivo está fazendo o que pode para respeitar as normas nacional e internacional”. A situação dos AYOREO é paradigmática. Esse povo nômade de caçadores-coletores vem sendo desalojado de suas terras desde as décadas de 40 e 50. Entre 1970 e 1980, houve uma verdadeira “caça humana” por parte do grupo fundamentalista americano “Missão Novas Tribos”. Os AYOREOS já contatados lutam a décadas pela recuperação de suas terras ancestrais e pela preservação do território em que se encontram outros membros de seu povo, ainda isolados na selva. A última denuncia do Survival gira en torno a uma área de 18.000 ha, adquirida pelo Estado para ser devolvida aos AYOREO-TOTOBIEGOSODES, mas cujo propietário já havía vendido para criadores de gado, brasileiros, que impuseram vários recursos judiciais pressionando o governo. Os pecuaristas brasileiros exigem que, em troca da devolução das terras, o Ministério de Ambiente lhes conceda licenças ambientais para cortar árvores em terrenos vizinhos. Essas extensões, no entanto, ficam dentro da floresta nativa AYOREO. Depois da posse de Fernando Lugo colocou-se um freio no avanço dos fazendeiros sobre o territorio indígena. No entanto, com ajuda da justiça local, os pecuaristas tem conseguido licenças provisórias que logo são retiradas, mas neste intervalo aproveitam para desmatar centenas de hectares. Fora da Amazonia, o AYOREO é o único povo isolado da América Latina e sem seu ‘habitat’ não deverá subsistir...