“Tio
Zito” - Washington Buchara – antigamente, sempre pescava no Rio Aquidauana. Seu
parceiro nas pescarias era seu irmão Thompson, nascido em Cuiabá, apelidado de
Cuia/Cuiabano/Zozô/Bucharinha. No barco, navegavam o dia inteiro sob o sol
escaldante do Pantanal. Pegavam muitos peixes. Sempre amparados em uma “Chica Boa”,
a mais famosa cachaça à época...
Já
em casa, enquanto tio Cuia “perseguia” uma Mercedita ao violão, tio Zito preferia
contar estórias nas quais seus sobrinhos não botavam muita fé. Certo dia, depois
de três dias perdidos no Pantanal, Zito revelou porque ele e Cuia tinham demorado
tanto tempo dentro da mata. Disse que estavam na selva perto do Aquidauana protegidos
apenas por uma velha espingarda Winchester. Deixaram suas bicicletas encostadas
em um frondoso pé de jatobá e foram atrás de algum tipo de caça: anta, paca,
veado, etc. Mais ou menos às quatro da tarde, Cuia avistou uma capivara
atravessando o rio e alertou seu irmão. O tiro de Zito foi certeiro. Acertou o
bicho na testa. O animal, arrastado pela correnteza, começou a rodar rio
abaixo. Contrariando os gritos de Zito, Cuia se jogou na água e agarrou o animal
moribundo pelo pescoço. Tentou arrastá-lo até a margem. Para desespero de Zito,
Cuia, grudado na capivara, desapareceu rio abaixo. Desesperado, Zito percorreu
a beira do rio por alguns quilômetros, chamando desesperado pelo irmão.
Inutilmente...
Com
a noite caindo, desanimado, Zito procurou um recanto para se abrigar. Adormeceu
com a chegada da escuridão. Pela manhã acordou. Sem ter nenhuma esperança, percorreu
mais alguns quilômetros rio abaixo. Quando já pensava em desistir, retornar até
sua bicicleta, pedir socorro, não acreditou...
Num
remanso do Aquidauana, tio Cuia dormia tranquilamente. Adivinhem como? Agarrado
no pescoço da capivara baleada...
Ao
abraçar Cuia, Zito ouviu a seguinte frase de seu irmão caçula: “Você acha que
eu ia deixar nosso churrasco para as piranhas?”...
Meninos,
eu vi. Acredite quem quiser...
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