I
Não quero nem saber qual foi sua origem,
Agora usada como desculpa esfarrapada,
Sua cara humilde (seu jeitinho de virgem)
Disfarça, não deleta, sua vida transviada...
II
Contar histórias não lhe ajudará em nada,
Quem se importa em saber do seu passado,
Que sua tosca vida foi cruel e mal traçada?
É sua a sina e não há dela outro culpado...
III
Nunca ninguém a obrigou que fosse santa;
Garota-de-Programa: é este seu sacrifício?
Alguém forçou-a com estilete na garganta?
Qualquer ofício é melhor que o meretrício...
IV
Enfim, não chore, suporta firme e calada
A cruel pecha que lhe imputa a sociedade
Ou mude o rumo pecador de sua estrada;
Dinheiro fácil? Não lhe trará felicidade...
V
E se você gosta de viver sendo humilhada,
Ganhando a vida, na moleza, mas sem luta,
Prepare-se para, doravante, ser apontada:
Garota-de-Programa! Biscate! Prostituta!...
[Buchara]
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