04/09/2011

A CAÇA AOS BRUXOS PERUANOS...

Os assasinatos de mais de uma dezena de curandeiros na selva peruana nas mãos de “caça-bruxos”, que as denuncias relacionam com um prefeito religioso da região, parecem gozar da impunidade.  Segundo respostas dadas à agência noticiosa EFE por fontes policiais, judiciais e locais, esta impunidada deve-se tanto a dificuldade do Estado peruano em chegar até as zonas mais distantes do país quanto ao seu desinteresse em investigá-las. Às denúncias dos familiares dos falecidos, somada ao testemunho de um dos curandeiros que sobreviveu ao ataque com graves feridas e à confissão de um dos presumíveis sicários, não foram suficientes para fazer avançar as investigações que parecem morrer em Lima. O próprio fiscal penal da provincia de Alto Amazonas, Jorge Guzmán, reconheceu (para a EFE), a lentidão do processo de investigação, algo que imputou às “carências logísticas e dificuldades geográficas”. As primeiras denúncias são de familiares de Marcelino Pizango e Mariano Apuela, curandeiros de comunidades perdidas na selvagem região de Loreto - onde não existem médicos – que juram que os dois foram assassinados por praticar bruxaria. Os meios de comunicação locais reuniram mais casos iguais e na região logo se contabilizou 13 pessoas assassinadas a machetadas, crimes amparados nas crenças locais e no medo de parte da população por estes bruxos que tem a capacidade de curar, mas também de matar, com suas rezas e ervas. “O prefeito de Balsa Puerto e seu irmão matam esta gente. Já são 13 pessoas, comigo seriam 14 mas eu escapei”, contou Bautista Inuma, entrevistado por uma TV peruana enquanto mostrava as graves feridas causadas por 4 indivíduos que tentaram matá-lo. Inuma não é o único que acusa a Torres, prefeito de Balsa Puerto, como autor inteletual dos assassinatos. No total foram 5 as denúncias recebidas pela autoridades: 3 foram arquivadas por falta de provas e as outras 2 estão abertas sem reunir provas para uma uma acusação formal. A fiscal adjunta Llesenia del Mar, encarregada de um dos casos, explicou as grandes dificuldades que encontra na investigação: primeiro a geográfica, já que sair da sede (Yurimaguas) até a zona onde se produziram os fatos demora mais de 15 horas de barca, motocicleta e a pé. Depois, os ríos da região, onde os restos dos assassinados foram jogados, com seus altos e baixos no nível deixam a região da selva incomunicável durante vários meses ao ano. Del Mar assegura que sua investigação é  “sã, limpa e transparente”, mas até agora não conseguiu reunir provas suficientes e as declarações que conseguiu recolher são contraditórias e desmentem o que dizem os familiares das vítimas. No momento, o período de investigação do caso de Del Mar foi ampliado por 120 dias contando com a esperança de que a selva e seus rios decidam desvendar o estranho mistério do “martírio dos bruxos peruanos”...