Moradores da região do Passo do Lontra, no interior do Pantanal do Mato Grosso do Sul (310 km de Campo Grande), denunciaram a constante morte de jacarés no Rio Miranda, efeito da caça predatória e da falta de fiscalização. Desde o fim do ano passado a população encontra carcaças espalhadas por uma estrada de terra que liga o distrito à cidade de Corumbá (MS). Os animais da espécie jacaré-do-pantanal (caiman yacaré) são mortos a tiros e têm a cauda cortada com facão. Alguns exemplares são atingidos com pedaços de pau na cabeça e sofrem, ainda vivos, a mutilação na cauda. Daí, são jogados agonizando na estrada onde morrem. As ações de criminosos costumam acontecer no período noturno. Marcello Yndio, morador da região, revela: “Não são moradores do distrito que cometem estes atos. São pessoas de fora que aproveitam a falta de fiscalização. Nós não sabemos quem comete isto, mas se continuar desta forma, essa espécie de jacaré poderá desaparecer”. Yndio e um grupo de turistas europeus viram no mês passado ao menos 8 jacarés-do-pantanal mortos nas proximidades do Rio Miranda. A espécie não consta na lista brasileira de animais em risco de extinção e a matança de jacarés é efeito da pesca predatória e do turismo ilegal na região pantaneira. A caça dos jacarés seria uma forma de ‘diversão’. A cauda do jacaré é a única parte do corpo do animal aproveitada na culinária. Quem não conhece, pensa que está comendo peixe. O sargento Gesner, da Companhia de Polícia Ambiental de Corumbá e que atua na região de Passo do Lontra, revelou: “Desde o início do ano só recebemos uma denúncia formal de que tem ocorrido caça ilegal de animais. Quando ficamos sabendo (dos jacarés mortos), normalmente já se passaram dias”. Já foram realizadas várias operações para combater a prática criminosa na região, sem sucesso. A realidade é que a estrada-parque, que liga Corumbá ao distrito de Passo do Lontra, tem cerca de 100 km e corta o Pantanal e a Polícia Ambiental conta apenas com apenas 2 homens para fiscalizar toda esta região...