10/02/2025

FUTEBOL DO ESTADO DO PANTANAL? VAI MAL...

 

BOM DIA CARAS PÁLIDAS E PELES VERMELHAS QUE POVOAM ESTE GLORIOSO ESTADO DO PANTANAL...
DIZEM QUE QUEM AVISA, AMIGO É...
QUE O PIOR SURDO, É AQUELE QUE NÃO QUER OUVIR...
EU? JÁ AVISEI... FAZ TEMPO...

DEPOIS? NÃO ADIANTA CHORAR !!!                                                  

                    


07/02/2025

BELMAR FIDALGO: CADÊ A PLACA DO PELÉ?

                                                          

No dia 11 de maio de 1965, Campo Grande parou...

Parou para ver sua majestade, Pelé, o rei do futebol...

Em companhia de seu honorável séquito, ele, pela primeira vez visitava a capital econômica do velho Mato Grosso. Assim que amanheceu, a população invadiu desde a Base Aérea até o centro, as ruas por onde passaria a delegação do Santos FC. A praça Newton Cavalcante (nos quartéis) e a praça Cuiabá (na Cabeça-de-Boi), nunca antes haviam recebido tanta gente. Era impossível chegar até a frente do hotel onde aquela verdadeira seleção ficou hospedada. À noite, para orgulho da cidade, o modesto “Stadium Belmar Fidalgo”, singela caixa-de-fósforos se transformou num verdadeiro Wembley, o mais lendário estádio do mundo. Lotado. Pessoas se empurrando em busca de um lugar na tímida arquibancada de madeira. Não havia espaço nem para mais uma nervosa mosca. Gente trepada nas árvores, nos postes, nas torres, nos telhados, nas carrocerias dos caminhões. Tudo valia a pena para ver o rei-menino...

Foi uma noite de gala. Tudo deu certo...

Clima agradável, morno, céu cheio de estrelas, Lua cheia apreciando o espetáculo. Soprava uma suave brisa. Ninguém ousava respirar. Ninguém queria perder um só lance daqueles endiabrados mulatos...

De repente, não interessa quanto estava o jogo, um lance surreal, mágico, surpreendente. Modesto, desajeitado zagueiro que acabara de substituir o grande capitão Mauro Ramos de Oliveira, ao tentar destruir um ataque do Comercial - Jadir, Tachinha, Gileno, Delví, Pé-de-Pato, etc - cometeu uma pixotada. Para surpresa da torcida, tentando armar um contra ataque, deu uma grotesca bicuda, um desengonçado balão. A esfera de couro subiu. Subiu e continuou subindo. Por um instante misturou-se com a penumbra acima dos refletores. Confundiu-se com a magnífica Lua que engalanava aquela jornada...

O público não perdoou aquela inadmissível falha. Começou a vaiar estrepitosamente, a plenos pulmões, enquanto a bola, ofendida, se misturava à escuridão provocada pelo encontro desordenado de luzes. Acompanhada pelos apupos, ela subiu. No seu limite, parou. Daí começou a cair. Reta. Rápida. Pesada. Veloz. Como uma flecha. Bem na direção do meio do campo. O silêncio tomou conta do velho e acanhado estádio...

Foi então que apareceu um mago. Um deus. Um mágico. Um rei: Pelé...

Com rápidos e elegantes passos, ele se posicionou estrategicamente debaixo da trajetória da pequena e indefesa deusa que caía do céu. Enchendo seus pulmões de ar, estufou o peito. Esperou. A bola, suavemente, afundou naquela anatômica almofada. Do peito para a coxa. Da coxa para o chão. Do chão para o gol. Aylton Caldas, goleiro do Comercial, até hoje - exageros à parte - está tentando descobrir por onde aquela bola passou...

Delírio total. Vaias viraram aplausos. O singelo estádio quase veio abaixo. Naquela inesquecível noite, Pelé marcou três belíssimos golaços, catalogados com os números 710, 711 e 712...  

Vem desde esta maravilhosa noite, a indignação dos desportistas deste Estado do Pantanal, que amam o esporte, com a inércia, a falta de imaginação dos homens que manipulam seu futebol. De que números foram os gols marcados pelo Rei naquele jogo? Ninguém sabe dizer. Ninguém, até hoje, procurou saber...

No Dia de Finados de 2001, em Londres, na Inglaterra, Pelé marcou o último gol do gramado do Wembley Stadium. Cobrou, simbolicamente, uma penalidade máxima. Fez o último tento naquele santuário que, dias mais tarde, viria a ser demolido...

E, em Campo Grande? Infelizmente, na praça esportiva do rejuvenescido e moderno Belmar Fidalgo, ponto de encontro das famílias e dos turistas, nenhum mosaico, nenhum cartaz, nada, faz relembrar aos visitantes que, numa memorável noite de 11 de maio de 1965, Pelé, o Rei do Futebol, o maior atleta do século XX, o melhor jogador que o mundo já reverenciou, pisou em seu gramado e nele cravou três, gravados e catalogados, gols...

Passados os anos será que, hoje, os atuais frequentadores das suas pistas e quadras, sabem desta história? Será que algum jovem acredita que, em uma longínqua noite de maio de 65, o rei-menino, o deus da bola, visitou o Belmar e nele fez suas diabruras? Este feito do Rei – gols 710, 711 e 712 - sem nenhum marco que o relembre, infelizmente em breve se transformará em uma tênue lembrança...

Não mereceria uma homenagem? Cadê a placa?

Meninos... Eu vi !!!

****[Jair Buchara]****


04/02/2025

O GOL DE SAPO NO BELMAR FIDALGO...


A primeira vez que entrei no Stadium Belmar Fidalgo, foi por puro acaso. Beirava os 13 anos, voltava de bicicleta do Dom Bosco para casa e, ao passar em frente ao portão principal do velho estádio fui atraído pelo alarido que vinha de seu interior. Era sábado. Quase 3 da tarde. Pelos gritos exaltados, logo adivinhei que os torcedores estavam brigando. Quando dei por mim estava forçando a velha catraca do portão principal. O bilheteiro e o guarda, com certeza, tinham corrido para ver a briga. Por pura molecagem, aproveitando a oportunidade, pulei a catraca. Entrei. De fininho...

Fui para a arquibancada de madeira que ficava ao lado da humilde cabine de madeira destinada à crônica esportiva. Nela, Sabino Preza, Ramão Achucarro, Mario Mendonça, Kamya Júnior, Santos Mário, continuavam a narrar o jogo. O tumulto acabara de ser controlado...

No gramado jogavam Asas X Primeiro de Maio: soldados da Aeronáutica versus empregados da Sapataria Zás-Trás. “Padeiros” contra “sapateiros”. A briga acabara. Os jogadores ainda estavam nervosos. Para fugir do porteiro, busquei abrigo na torcida do Asas, comandada por Mikiba, um taifeiro da Base Aérea, fanático, que não parava de gritar bem alto incentivando o seu time. Na outra torcida, paraguaios gritavam palavrões em guarani que eu não entendia...

O “zero”, não saía do placar. Jogo duro. Difícil. Tenso. Disputado sob uma chuva fina. Insistente. O gramado estava encharcado. A bola quase não rolava. Poças tomavam conta do campo inteiro...

Ferramenta, zelador do estádio, apitava a partida. Seus auxiliares? Felipão e Português. O trio se esforçava para não criar caso, nem com os “soldados”, nem com os “sapateiros”. Aquele empate não servia para nenhuma das equipes. Ambas poderiam ser desclassificadas. Era vencer ou vencer...

Com o ambiente quente, relógio avançando, o jogo fica dramático. Os times não arriscavam. A torcida roía as unhas. Um torcedor impaciente, chateado com aquele “cerca-lourenço”, desabafou: “Vamos correr safados! Falta só um minuto!”. O desespero tomou conta dos jogadores. O jogo pegou fogo. O medo da desclassificação se desenhava nas caras dos atletas...

Daí, o lance que viraria folclore...

O Primeiro de Maio atacou com Antolí: recebeu a bola do goleiro paraguaio Hermocilia, se livrou de um adversário, tabelou com seu irmão Sapateiro e, da entrada da área, deu uma bicuda que ia furar a rede. Alindor (“Gato”), goleiro do Asas voou baixo, desviou o petardo. A bola ricocheteou na trave, bateu em Dequinha, pipocou no Maria Gorda e sobrou para Fumaça. De olhos fechados o sargento enfermeiro deu um balão para o lado que estava virado. A bola subiu, atravessou o campo. Foi cair, limpinha, nos pés de Sapo, ponta direita do Asas que partiu em velocidade rumo ao gol adversário...

Desesperado, Hermocilia, goleiro da Zás-Trás, abandonando a meta tentou impedir que Sapo chutasse. Com rara habilidade, Sapo se livrou do obeso guarda metas e, vendo a bola se encaminhar para dentro do gol, correu, para sua torcida. Vibrava, comemorava o golaço que pensava ter feito. Acabou sendo sufocado por uma pirâmide humana. Hermocilia, caído na intermediária, cara enfiada na lama, dava murros no chão, lamentando a desclassificação do Primeiro de Maio...

Enquanto a torcida do Asas corria para o alambrado para comemorar seu gol, aconteceu uma coisa do arco da velha. Aquela festa não durou muito. De repente o carnaval foi se transformando em murmúrio. O velho Belmar ficou mudo. Enquanto um silêncio sepulcral dominava a torcida, de novo aquela voz anônima, incrédula, começou a berrar: “Olha a bola seus burros!”...

A bola? Não entrara no gol. Depois de chutada, maliciosa, matreira e coquete, estava parada. Quietinha. Descansava, na boca do gol, metade em cima da linha fatal, dentro de uma poça d’água. Imaginem vinte-e-um marmanjos, acordando do absurdo transe, disparando na mesma direção, tentando impedir (ou concretizar) o lance de misericórdia...

Benitez, zagueiro de seleção paraguaia, capitão do Primeiro de Maio, saúde de puro sangue, um armário, chegou primeiro. Sem nenhuma categoria, mas com muita picardia, deu um bico na “garotinha”. Deu um chutão para longe. Por cima do muro e das copas dos ipês coloridos da Dom Aquino. O que aconteceu depois? Uma explosão de gargalhadas...

O jogo? Acabou zero a zero, com torcedores e jogadores se abraçando...

Meninos... Eu vi !!!

******[Jair Buchara]******